quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jazz100Strezz celebra Ivan Lins

Para fechar mais um ano com tributos à la Jazz100Strezz o projeto convida para uma homenagem especial aos 70 anos do cantor e compositor brasieiro Ivan Lins no dia 6 de dezembro no Centro Cultural Monte Azul.

Em junho desse ano, o músico, cantor e compositor Ivan Lins comemorou 70 anos de vida, 45 anos de carreira profissional, inúmeros shows nacionais e internacionais e mais que 400 músicas gravadas em discos. Motivos mais que suficientes para escolher ele o homenageado da última edição em 2015 do evento +JaZZ100StreZZ que ocorre a cada dois meses no bairro Jardim Monte Azul na Zona Sul de São Paulo.

Ivan Lins iniciou sua carreira no fim dos anos 1960 com participações em diversos festivais da canção obtendo o primeiro grande sucesso com a composição “Madalena” na voz de Elis Regina. Como filho do Rio de Janeiro cresceu musicalmente no meio do samba e do movimento da Bossa Nova. Com o título “Agora” lançou em 1970 o seu primeiro de mais que 40 discos ao longo da sua carreira sendo o último o CD “América, Brasil” lançado em 2015. Em 1974, o compositor e instrumentista Ivan Lins começou a sua parceria mais importante com o poeta e letrista Vitor Martins com a música “Abre Alas”. A partir daí a dupla assinou inúmeros outros sucessos como “Começar de novo”, “Cartomante”, “Somos todos iguais nesta noite” e “Vitoriosa”. A partir dos anos 1980 começou chamar atenção internacional de produtores como +Quincy Jones, realizando turnês nos Estados Unidos e rendendo regravações de músicas da sua autoria por astros como George Benson, Sarah Vaughan, +Ella Fitzgerald e Barbra Streisand. Ao longo da sua trajetória musical Ivan Lins manteve sempre forte a sua ligação com o jazz, a música instrumental, o soul e o pop, porém sem esquecer de toda sua brasilidade e as suas manifestações regionais. 

O Jazz100Strezz apresentará um tributo acentuando mais uma vez o lado instrumental e improvisatório de um compositor consagrado brasileiro. O trio formado por +Henrique Bochud (bateria), Danilo Vianna de Castro (contrabaixo) e +Matthias Vogt (piano) escolheu um repertório dividido em músicas conhecidas como “Dinorah, Dinorah” ou “Novo Tempo” e composições lado B como “Depois dos Temporais” ou “Soberana Rosa”. E como é de costume terá novamente uma lista ilustre de participações especiais: Bruno Brasil, Vitor Pessoa, +Gustavo Benedetti, +Gustavo Bonin, +Rodrigo Schiavon, +Costela Mendes, +Junior Ou, Paula da Paz e Katia Trindade. 

O evento vai dar continuidade ao projeto artístico que nasceu por ocasião do terceiro aniversário do Jazz100Strezz em setembro nesse ano: Terá uma exposição com o título “3 Clicks, 3 Olhares” que contará com a contribuição de sete fotógrafos retratando a periferia de São Paulo: Adriano Doce, Bagão da Adega, Jr. Costa (Jahpa), Nego Júnior, Léu Brito, Tati Limas e Gessé Silva. Além disso terá uma intervenção de grafite ao vivo com atuação do artista Roberto Krust. E para completar o evento contará mais uma vez com a participação dos artesãos do Bazar da Comuna Sustentável e da loja Cores&Bottons que cuidará também da venda dos produtos da marca “Jazz100Strezz”.


Criar um ambiente estiloso de um bar de música ao vivo à luz de velas que convida para uma taça de um bom vinho, mojito, cerveja ou caldo saboroso, abrir um espaço para amigos se encontrarem e apreciarem música de qualidade, e juntar artistas de todos os gêneros para conversarem e se inspirarem, isso tem sido sempre um dos objetivos do Jazz100Strezz e assim será mais uma vez nessa edição pré natalina que fecha as atividades do projeto este ano para continuar fortalecido em 2016!

JaZZ100StreZZ: Tributo IVAN LINS - 6 de dezembro de 2015 às 19H no Centro Cultural Monte Azul - Av. Tomás de Sousa, 552 - Jd. Monte Azul, São Paulo/SP - Entrada: R$ 5,00 - Contato: (11) 5853-8080. Mais informações: facebook.com/jazz100strezzSP


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

3 Anos Jazz100Strezz

+JaZZ100StreZZ, coletivo artístico que promove shows gratuitos com jazz e música instrumental na periferia de São Paulo comemora o seu terceiro aniversário com uma grande festa musical no dia 20 de setembro no Centro Cultural Monte Azul.

Faz três anos que nasceu no meio de uma conversa entre os músicos +Henrique Bochud+Matthias Vogt e o gestor cultural +Jaime Lopes de Cerqueira Barboza a ideia de formar um evento para trazer jazz e música instrumental para a periferia de São Paulo, mais exato para o Jardim Monte Azul, pequeno bairro entre o Jardim São Luis, Santo Amaro e Vila Andrade. Inicialmente lançado como "Jazz na Comunidade" o duo ampliado para um trio de piano, baixo e bateria fez os primeiros shows da série no +Espaço Comunidade, projeto cultural e ponto de encontro de artistas da região. Logo menos batizado de "JaZZ100StreZZ" o conjunto promoveu desde o começo os shows em formato de tributo a grandes intérpretes e compositores do jazz e da música brasileira. Assim somam-se em três anos as homenagens ao pianista norte-americano Bill Evans, o ícone do jazz Horace Silver, os compositores nacionais +Antonio Carlos Jobim, Marcos Valle, José Roberto Bertrami (+Azymuth) e Dominguinhos, os artistas internacionais +Bob Marley  e +The Beatles, mais um especial de músicas natalinas brasileiras e norte-americanas. A partir de 2014, os eventos passaram a acontecer no +Centro Cultural Monte Azul, teatro e espaço cultural no mesmo bairro.



Além de +Henrique Bochud na bateria e +Matthias Vogt no piano o "trio da casa" foi completado ao longo dos anos pelos baixistas +Danilo Vianna de Castro e +Renan Dias e contou sempre com convidados especiais de outros músicos do circuito de São Paulo e da região.  Já participaram em shows do +JaZZ100StreZZ as cantoras +Paula da Paz, Katia Trindade, +Thâmile Vidiz+Carla Casarim e Tâmara Oliveira, os instrumentistas +Junior Ou (saxofone), +Costela Mendes (guitarra), +Renato Mancilha (violão), +Rodrigo Schiavon (guitarra), +Ricota Bruno (guitarra), +Wesley Gonzaga (trompete), Érick Carvalho (percussão) e o trio +Ó do Forró, formado por +Sivaldo Fernando, Álvaro Oliveira e +Adan Oliveira. Muitos desses convidados entrarão novamente na tradicional roda musical do +JaZZ100StreZZ no evento de aniversário no dia 20 de setembro.

O projeto nunca quis ser apenas uma apresentação musical. Desde o começo existe aquela preocupação de criar também um clima especial para o público, além de curtir boa música, se sentir a vontade de conversar, dançar, encontrar amigos e tomar um bom vinho à luz de vela, como se fosse em um daqueles bares de jazz mundo afora. Dispensando a configuração tradicional de um palco frente ao público surgiu a ideia de uma roda de instrumentos no meio da platéia, inspirado pelas rodas de choro e samba, para diminuir a distância entre os músicos e o público. A cada evento, amigos e parceiros artísticos se juntaram para deixar o espetáculo mais diversificado. Projeção de vídeo, realizado por +Adriano Doce,  abertura musical por +DJ Sassá, cobertura em foto e filme por Adriano Gadelha, Diorgenes Didi e +Silvio Vilaça, um cardápio com vinhos, drinques e caldos quentes e uma lojinha, que, além de vender camisetas do JaZZ100StreZZ conta com os produtos da +Cores& Bottons e com os turbantes da Januárias na Janela. E agora no evento de aniversário do projeto, dia 20 de setembro, terá mais uma novidade para deixar o ambiente mais especial ainda. Pela primeira vez será realizado a ideia de juntar à apresentação musical uma exposição de arte da região que estreiará com obras do pintor e escultor +Jaír Guilherme Filho. Além disso, a arte do cartaz oficial do evento foi uma colaboração da artista visual +Greice Aguiar de Goiânia (GO), especialmente para o aniversário do +JaZZ100StreZZ.

JaZZ100StreZZ: Especial Aniversário de 3 Anos - Domingo, dia 20 de setembro de 2015, 19H. Centro Cultural Monte Azul, Av. Tomás de Sousa 552, Jardim Monte Azul, São Paulo/SP. Informações: (11) 5853-8080. facebook.com/jazz100strezzSP





segunda-feira, 15 de junho de 2015

Viva Dominguinhos!


No fim da tradicional época de São João o +JaZZ100StreZZ  homenageia em evento no dia 5 de julho no Jardim Monte Azul um dos maiores sanfoneiros do Brasil: Dominguinhos.

Foi aos 13 anos que um menino com o apelido Neném do Acordeon fez uma longa viagem de caminhão junto ao pai, de Garanhuns/Pernambuco, para o Rio de Janeiro. O convite do ídolo e maior estrela do nordeste, Luiz Gonzaga, de vir para a ainda capital e centro cultural do país marca o início de uma carreira incrível de um dos artistas mais influentes da música brasileira que pouco depois se tornou conhecido pelo nome de Dominguinhos. 

Uma vida musical enraizada na música folclórica do nordeste, partindo dos programas regionais e noites de forró, com longos períodos e parcerias na MPB e bossa nova, passando pelo pop e sempre beliscando do jazz e da música americana. A obra de Dominguinhos soma mais de 200 composições, uma discografia de 45 álbuns, inúmeras participações em outros discos e coletâneas, e dois prêmios pelo Grammy Latino. Além disto o povo o conhece pelas melodias famosas como “Eu só quero um xodó”, “Sanfona Sentida” ou “Lamento Sertanejo”. A compaixão pública foi grande quando o mestre da sanfona faleceu em julho de 2013.

A ideia de fazer uma homenagem jazzística já veio da própria obra de Dominguinhos. Já que nos anos 70 ele gravou “Domingo Menino Dominguinhos” (1976) e “Oi, lá vou eu” (1977), dois LPs com forte influência do jazz, da bossa nova e do pop. Até o fim da sua vida ele firmou parcerias com grandes exponentes da música improvisada como Arismar do Espirito Santo, Sivuca, Hermeto Pascoal, Wagner Tiso, Yamandu Costa, João Donato e outros como mostra um pouco o documentário póstumo “Dominguinhos” (2014) e o último álbum “Iluminado” (2010). 

No fim da época das tradicionais festas juninas o JaZZ100StreZZ convida não só para um tributo a um artista mais que especial, mas também para apreciar um clima gostoso de um bar de jazz com seus vinhos e velas, encontros e conversas. E mesmo assim terá pessoas que não conseguirão ficar só contemplando parados perante o som do quarteto formado por +Matthias Vogt  (piano), Danilo Vianna de Castro (bateria), Henrique Bochud +Henrique Bochud (bateria), Thiago da Mota Vieira (triângulo) e os convidados especiais! 

JaZZ100StreZZ: Tributo Dominguinhos; 05 de julho de 2015 às 19h no Centro Cultural Monte Azul, Av. Tomás de Sousa, 552, Jardim Monte Azul, São Paulo/SP. Entrada gratuita!


domingo, 19 de abril de 2015

Beatles à la jazz100strezz

Evento gratuito do projeto +JaZZ100StreZZ, no dia 3 de maio no Centro Cultural Monte Azul, homenageia a obra vasta da banda mais famosa do rock’n’roll, os Beatles, em ritmo de swing e bossa nova.

Neste ano pela segunda vez acontecerá o projeto JaZZ100StreZZ no bairro Jd. Monte Azul, Zona Sul de São Paulo. Dessa vez com um tributo que bebe bastante na fonte da música rock: +The Beatles. A obra da banda de maior sucesso da indústria fonográfica, que dominou a música rock na década dos anos 1960, já é parte há muito tempo do repertório de músicos de outros estilos. Conquistou a música soul, o swing, o jazz instrumental e até a música erudita, e influenciou uma boa parte dos músicos consagrados da MPB no Brasil. Somente a lista das versões cover dos Beatles da Wikipédia, provavelmente incompleta, registra mais que 2 mil gravações de artistas de todos os gêneros musicais.

Para o tributo, o JaZZ100StreZZ teve o grande desafio de fazer uma seleção mínima entre as 265 músicas gravadas pela banda de Liverpool, Inglaterra. Clássicos como “Let it be”, “Yesterday” e “Hey Jude” estarão no set junto com pérolas famosas como “Blackbird” ou “And I love her”. O trio, formado dessa vez por +Matthias Vogt (piano), Danilo Vianna de Castro (contrabaixo) e +Henrique Bochud (bateria), não procura fazer reproduções originais das músicas escolhidas, mas sim criar versões dentro da linguagem do jazz e da bossa nova. Sendo um projeto principalmente de música instrumental, o JaZZ100StreZZ optou dessa vez por chamar também vocalistas para interpretar algumas das composições de John Lennon, Paul McCartney e George Harrison. A lista de convidados incluirá dessa vez nomes como a cantora  +Carla Casarim e o guitarrista e cantor +Costela Mendes

O evento no dia 3 de maio trará a música dos Beatles da balada de rock’n’rock para um ambiente aconchegante e à luz de vela de um bar de jazz, servindo um vinho selecionado e caldos quentes. As melodias famosas, que fazem parte da trilha sonora da vida de quase todo mundo até hoje, vão se alternando com improvisações e viagens musicais dos instrumentistas e acompanham conversas e encontros entre amigos e apreciadores de boa música. 

JaZZ100StreZZ apresenta: Tributo The Beatles; Domingo, 3 de maio 2015 - Abertura da casa às 19H, Show às 20H, Jam-Session às 21H30 - Entrada gratuita! - Centro Cultural Monte Azul, Av. Tomás de Sousa, 552, Jd. Monte Azul, São Paulo/SP - www.facebook.com/jazz100strezzSP 


Confirme a sua presença e saiba mais sobre o evento: https://www.facebook.com/events/751212558330273/


sábado, 14 de março de 2015

Azymuth sem Stress na Periferia

O projeto +JaZZ100StreZZ convida para o primeiro evento do ano em homenagem a José Roberto Bertrami, o Azymuth e o samba-funk no dia 22 de março no Jardim Monte Azul.

O projeto que promove apresentações de jazz e música instrumental no Jardim Monte Azul, Zona Sul de São Paulo, inicia sua temporada de 2015 com um tributo especial ao Azymuth e seu ex-integrante e fundador, José Roberto Bertrami. O tecladista nascido em Tatuí (SP) faleceu em 2012 no Rio de Janeiro deixando um legado de mais que 20 álbuns gravados com o grupo Azymuth, carreira solo e participações em inúmeros discos de famosos artistas nacionais e internacionais. Bertrami é autor de composições como “Vôo sobre o horizonte”, “Faça de conta” e “Partido Alto”, a última na gravação famosa por Airto Moreira e Flora Purim de 1979.

Bertrami, em 1973, gravou junto aos colegas Alex Malheiros (contrabaixo) e Ivan Conti (bateria) a trilha sonora para o filme “O fabuloso Fittipaldi” incluindo a música “Azimuth” de Marcos Valle, o que deu orígem ao nome da banda. Os integrantes do grupo Azymuth, agora com “y”, viveram nos anos 1980, uma época de muito sucesso internacional, se mudaram para os Estados Unidos e gravaram pela Milestone. A partir do fim dos anos 1990 o Azymuth repetiu o sucesso internacional aproveitando da alto do club jazz, estilo musical que mistura soul, jazz, funk e hiphop, e assim se eternalizou em vários loops e samples dos DJs das baladas, até hoje. 

O lema do evento JaZZ100StreZZ é a junção de um ambiente aconchegante e estiloso e a apreciação de um espetáculo de boa música instrumental e jazz, que é de difícil acesso fora dos bairros boêmios no centro da cidade. Com um cardápio que inclui vinhos e caldos, o espetáculo gratuito procura trazer um pouco de um bar de jazz para a periferia de São Paulo. O evento acontecerá nesse ano a cada dois meses no Centro Cultural Monte Azul, ponto de fomento cultural mantido pela Associação Comunitária Monte Azul. O JaZZ100StreZZ, formado dessa vez por +Matthias Vogt (piano e teclado), Renan Dias (contrabaixo) e +Henrique Bochud (bateria), prestará homenagens a grandes artistas nacionais e internacionais, estreiando a série com o tributo especial a José Roberto Bertrami e Azymuth. O show contará também com participações especiais. A banda convidará para uma jam-session no final do evento.

JaZZ100StreZZ apresenta: Tributo a José Roberto Bertrami e Azymuth; Domingo, 22 de março 2015 - Abertura de casa 19H, Show 20H, Jam-Session 21H30 - Entrada gratuita! - Centro Cultural Monte Azul, Av. Tomás de Sousa, 552, Jd. Monte Azul, São Paulo/SP - www.facebook.com/jazz100strezzSP 


Confirme a sua presença e saiba mais sobre o evento: https://www.facebook.com/events/456392974508535/


sábado, 24 de janeiro de 2015

Quando a nossa música nasceu

Livro do músico e pesquisador americano, Bernie Krause, retrata as origens da nossa musicalidade na natureza selvagem e alerta sobre os efeitos negativos do nosso mundo moderno barulhento. Leia aqui a resenha detalhada.

O Uirapuru, uma das mais belas vozes do Brasil
A maior orquestra do mundo não se encontra nas grandes salas de concerto em Nova York, Londres ou Berlim, e a obra apresentada por ela já foi composta quando nem se sabia da existência do homem na terra. As apresentações da orquestra mais virtuosa e perfeita do mundo acontecem há milhões de anos quando o sol nasce e quando anoitece, no fim do dia, por exemplo nas florestas selvagens da Indonésia, nas selvas montanhosas da Ruanda na África Central ou no mato fechado da Amazônia. É uma orquestra composto por milhares de insetos, peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos, cada um executando perfeitamente a sua parte, seguindo desde o nascimento o seu instinto ao invés de uma partitura. 

Fascinado pela beleza, perfeição e riqueza de sons dessa "orquestra", o músico americano e compositor de trilhas sonoras, Bernie Krause, resolveu abandonar a sua carreira nos estúdios da Hollywood para dedicar a sua vida à gravação e pesquisa sobre as paisagens sonoras que provavelmente derem origem à nossa música humana há centenas de milhares anos atrás. A sua pesquisa dos últimos 40 anos foi agora publicada no livro “A grande orquestra da natureza”, lançado em 2013 em português no Brasil pela editora Zahar.

Diferente de quase todos dos seus colegas biólogas e seguindo a intuição de músico, Krause colocou o maior foco de seus estudos no som de um ambiente natural em seu todo ao invés de considerar a voz individual de cada um dos seus habitantes. Familiarizado com a forma organizada das vozes numa composição para orquestra sinfônica, o músico-pesquisador deu logo um palpite fundamental: o conjunto das vozes dos animais na natureza selvagem está longe de ser aleatório e caótico. Krause começou a gravar por longos períodos em ambientes selvagens - seja na savana africana de Quênia, nas florestas tropicais de Bornéu, embaixo da superfície do mar nos recifes de corais em Fiji no Oceano Pacífico, entre outros - e descobriu logo que todas as vozes animais formam um conjunto de sons, complexo e perfeitamente organizado, se relacionando, completando e correspondendo em termos de frequência, intensidade e altura como se seguissem uma grande partitura invisível. Para provar essa sua tese da orquestra da natureza, o americano descobriu uma forma gráfica para ilustrar os eventos acústicos, um diagrama de termo técnico, o espectograma. O livro mostra várias dessas espectogramas para visualizar a multidão dos sons de um ambiente ao decorrer de uma linha de tempo e separados por faixa de frequência. 

A ideia da orquestra da natureza leva logo para uma segunda observação, como mostra o livro de Krause. Será que o berço da nossa música humana era exatamente alí, por exemplo nas florestas tropicais da  República Centro-Africana, onde vive até hoje a tribo dos pigmeus Bayaka? Considerando vários exemplos de tribos isolados da nossa civilização que conseguiram preservar a sua cultura e música tradicional até hoje, é quase evidente que os sons da terra (como vento, chuva etc..) e as vozes dos animais foram as fontes de inspiração da música dos primeiros seres humanos. A música dos Ianomâmi, uma tribo que vive nas florestas tropicais na Amazônia brasileira, por exemplo, reflete e imita bastante o som da água caindo em cima das folhas das copas das árvores durante um aguaceiro, incluindo instrumentos de percussão como paus de chuva. Outro exemplo impressionante mostra como a primeira música humana deve ter surgido como parte de todo o coro das vozes da natureza: é o da tribo Bayaka, já mencionado acima. Krause relata no livro como  as mulheres do Bayaka, depois de uma dessas chuvas fortes tropicais, “se espalham pela  densa floresta de Dzanga-Sangha para coletar sementes e frutos e cantar em explosões sonoras, acompanhando as vozes dos insetos e dos pássaros que retornam depois que a tempestade passou. O canto das mulheres reverbera durante quase dez segundos antes de silenciar, dando a impressão fantástica de que suas vozes continuam para sempre.” (Citação da p. 125 do livro)


Um triste fato, porém, que o livro também revela é que logo agora que estamos redescobrindo a beleza das vozes da natureza e a sua relação com as raízes da nossa música humana, elas estão quase desaparecendo. São raros os lugares no mundo onde conseguimos ainda ouvir os sons de uma natureza intocada e até os sons antigamente familiares para todo mundo como o canto dos pássaros e insetos estão sumindo cada vez mais da trilha sonora da nossa vida urbana. As descrições das paisagens sonoras do livro parecem um pouco como contos de fadas de tão distante eles são da realidade da maioria das pessoas hoje. Nada melhor pra ilustrar isso do que um episódio mencionado por Krause falando de um encontro com Tom Jobim no começo dos anos 90. "Tom passou a noite toda e as primeiras horas da manhã contando histórias da sua infância, quando brincava com os amigos à sombra das árvores da floresta subtropical e fazia música com os animais da mata, que, na época, chegava até os limites da cidade. Para animar suas histórias, o compositor imitava os chamados e os cantos de seus adorados pássaros, anuros e mamíferos, muitos dos quais já estavam extintos havia muito tempo, mas ainda eram lembrados. Sua eloquência e facilidade mostravam que essas vocalizações pertenciam a sua língua materna." (Citação da p. 187 do livro)

"A grande orquestra da natureza" é um livro capaz de mudar a forma como percebemos o mundo sonoro em nossa volta. Na verdade ele é um livro que faz a gente ter consciência da quantidade de sons que acontece a todo instante em nossa rotina diária. Mas isso não significa necessariamente uma descoberta feliz. Pode ser uma experiência chocante prestar atenção no tamanho do barulho e dos ruídos a que estamos expostos e que nossos ouvidos já filtraram a ponto de não percebemos, talvez para não enlouquecer. Vivemos numa sociedade que adora o barulho, onde conseguimos mais atenção através de som alto e onde o ruído de caixas de som quase estourando significa status e poder. O problema é que, mesmo que nós nos acostumamos já com o nível exorbitante de barulho, por exemplo nas grandes cidades, os riscos negativos e nocivos para a nossa saúde continuam os mesmos, como Krause explica em boa parte do livro. Muitos desses efeitos negativos quase todo mundo conhece mas dificilmente vê o papel do ruído como motivo: sintomas de estresse, fadiga e exaustão. Claro que é difícil fugir do barulho das cidades, já que mais da metade da população do mundo hoje tem uma vida situada numa área urbana, mas vale a pena ter consciência da poluição sonora da mesma forma que começamos ter consciência da acumulação do lixo no nosso planeta.

Essa e muitas outras questões sobre a nossa relação sonora com o ambiente e as raízes ancestrais da nossa música, explica o obra revolucionária de Bernie Krause. O livro escrito numa linguagem culta mas bem acessível na tradução de Ivan Weisz Kuck e equipado com uma bibliografia científica extensa e um índice de palavras-chave. Ilustrando de forma impressionante os exemplos sonoros destacados em negrito no livro acompanha uma lista de 64 sons gravados e disponíveis, infelizmente um pequeno ponto negativo, poderia ao meu ponto de vista ser um CD, somente pela página do Soundcloud da editora Zahar (https://soundcloud.com/zahareditora). 

Krause, Bernie: A grande orquestra da natureza - Descobrindo as origens da música no mundo selvagem (Zahar, 2013). Disponível como livro e e-book. Mais informações: http://www.zahar.com.br/livro/grande-orquestra-da-natureza 

Visite também o website da publicação original em inglês e também disponibilizando todas as gravações mencionadas no livro: http://www.thegreatanimalorchestra.com/ 

Entrevista com Bernie Krause no jornal Folha de São Paulo, edição 17/10/2013: Muito além dos sabiás - As paisagens sonoras da natureza selvagem. Acesse pelo link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/135879-muito-alem-dos-sabias.shtml